Saímos de Hilario Ascasubi por volta das 8 horas com uma leve chuva. O calor que nos acompanhou até ontem se transformou a noite num frio que incomodava ficar fora do hotel. Seguimos para a viagem do dia esperando retas pela frente e pouco assunto para contar. Grande engano.
No segundo abastecimento do dia, uma fila enorme anunciava estress. Ficamos desolados. Eis que de repente um motorista sai do carro, olha para nós e pergunta: "Tem algum flamenguista aí?". Respondi que sim, "eu". O único flamenguista do grupo. Ele entra de novo no carro, tira uma bandeira, mostra pra gente e diz. " O Flamengo é minha paixão". Imaginem a cena. Um argentino torcedor fanático do Flamengo. Ai foi só festa, a fila passou que nem vimos. Eduardo, o flamenguista trabalhou alguns anos no Rio de Janeiro e trouxe para a Argentina a paixão pelo Flamengo. Legal, não?
Eduardo, o argentino flamenguista.
Nas estradas da Argentina é muito comum encontrarmos lugares de homenagem a Gauchito Gil, que para muitos é um santo. Em alguns lugares maiores e em outros menores, mas sempre vemos as homenagens em panos e fitas vermelhas. Gauchito Gil foi um camponês que lutou no exército contra o Paraguai, voltou a Argentina e desertou porque não queria participar da guerra civil numa luta de irmão contra irmão. Viveu como bandido, sendo considerado um tipo de Hobin Hood. Encontrado por um soldado, na hora de ser executado disse ao policial que o seu filho estava doente e se o policial orasse e implorasse, Gauchito salvaria a vida do filho. O policial o executou e quando chegou em casa encontrou o filho muito doente. Orou e implorou a Gauchito Gil e o filho melhorou. O policial fez um enterro decente e saiu divulgando o milagre.
Durante todo o percurso do dia o frio e o vento forte nos acompanharam e olha que está só começando. Estamos na Patagônia, uma região muito bonita, è um deserto verde, de vegetação rasteira que se perde de vista no horizonte. Para se ter uma idéia, rodamos mais de 600 quilômetros e a imagem não muda nada. Em alguns lugares vimos bonitos cavalos selvagens. Uma pena não dar pra parar toda hora e tirar bastante fotos. Encontramos dois irmãos do Paraná, Andre e Aldo que estavam vindo de Ushuaia. Na sexta só conseguiram fazer 300 quilômetros por conta do vento.
Ums viajam de moto outros levam a casa na viagem.
A Patagônia foge da vista no horizonte.
Hoje tivemos o primeiro e espero que único problema da viagem. Já perto de parar percei um barulho diferente na minha moto. Vi que quebrou a solda da proteção de motor e carenagem. Amanhã na saída vamos procurar uma oficina para fazer o reparo. É coisa simples e acredito que de fácil e rápida solução. Estamos em Puerto Madryn, uma cidade muito bonita no litoral sul da Argentina.
Uma parada na estrada.
O hotel de hoje.
Em Puerto Madryn. Sul da Argentina.
Olhem o vento nas ondas. Muito frio.