domingo, 13 de janeiro de 2013

13.01.2013 - 12º dia - Hilario Ascasubi a Puerto Madryn - 625 km


Saímos de Hilario Ascasubi por volta das 8 horas com uma leve chuva. O calor que nos acompanhou até ontem se transformou a noite num frio que incomodava ficar fora do hotel. Seguimos para a viagem do dia esperando retas pela frente e pouco assunto para contar. Grande engano.
No segundo abastecimento do dia, uma fila enorme anunciava estress. Ficamos desolados. Eis que de repente um motorista sai do carro, olha para nós e pergunta: "Tem algum flamenguista aí?". Respondi que sim, "eu". O único flamenguista do grupo. Ele entra de novo no carro, tira uma bandeira, mostra pra gente e diz. " O Flamengo é minha paixão". Imaginem a cena. Um argentino torcedor fanático do Flamengo. Ai foi só festa, a fila passou que nem vimos. Eduardo, o flamenguista trabalhou alguns anos no Rio de Janeiro e trouxe para a Argentina a paixão pelo Flamengo. Legal, não?

 
Fila para abastecer.

 
 
Eduardo, o argentino flamenguista.

 
Nas estradas da Argentina é muito comum encontrarmos lugares de homenagem a Gauchito Gil, que para muitos é um santo. Em alguns lugares maiores e em outros menores, mas sempre vemos as homenagens em panos e fitas vermelhas. Gauchito Gil foi um camponês que lutou no exército contra o Paraguai, voltou a Argentina e desertou porque não queria participar da guerra civil numa luta de irmão contra irmão. Viveu como bandido, sendo considerado um tipo de Hobin Hood. Encontrado por um soldado, na hora de ser executado disse ao policial que o seu filho estava doente e se o policial orasse e implorasse, Gauchito salvaria a vida do filho. O policial o executou e quando chegou em casa encontrou o filho muito doente. Orou e implorou a Gauchito Gil e o filho melhorou. O policial fez um enterro decente e saiu divulgando o milagre.

 
Homenagens a Gauchito Gil.
 
Durante todo o percurso do dia o frio e o vento forte nos acompanharam e olha que está só começando.  Estamos na Patagônia, uma região muito bonita, è um deserto verde, de vegetação rasteira que se perde de vista no horizonte. Para se ter uma idéia, rodamos mais de 600 quilômetros e a imagem não muda nada. Em alguns lugares vimos bonitos cavalos selvagens. Uma pena não dar pra parar toda hora e tirar bastante fotos. Encontramos dois irmãos do Paraná, Andre e Aldo que estavam vindo de Ushuaia. Na sexta só conseguiram fazer 300 quilômetros por conta do vento.

 
Ums viajam de moto outros levam a casa na viagem.
 
A Patagônia foge da vista no horizonte.
 
Com Aldo e André que voltam de Ushuaia.
 
Hoje tivemos o primeiro e espero que único problema da viagem. Já perto de parar percei um barulho diferente na minha moto. Vi que quebrou a solda da proteção de motor e carenagem. Amanhã na saída vamos procurar uma oficina para fazer o reparo. É coisa simples e acredito que de fácil e rápida solução. Estamos em Puerto Madryn, uma cidade muito bonita no litoral sul da Argentina.
 
Uma parada na estrada.
 
O hotel de hoje.
 
 
Em Puerto Madryn. Sul da Argentina.
Olhem o vento nas ondas. Muito frio.
 

12.01.2013 - 11º dia - Buenos Aires a Hilario Ascasubi- 823 km

Saímos um pouco tarde de Buenos Aires porque ninguém conseguiu dormir direito. A energia não voltou e passamos a noite sem ar condicionado deixando as janelas e as portas dos apartamentos abertos para tentar dormir. Foi o hotel mais caro e a pior dormida até agora.
 
 
Vista da janela do hotel em Buenos Aires.
 
 
Saímos da cidade e logo depois entramos na famosa Ruta 3 que liga Buenos Aires a Ushuaia. É uma rodovia federal comparada a nossa BR 101 que liga o nordeste ao sul. Vamos rodar praticamente o tempo todo nessa rodovia e um dos objetivos e chegar ao final dela, onde não se pode ir a mais lugar algum. É último ponto trafegável no sul da América do Sul.

 
As retas da Ruta 3.
 

Após pesquisar e planejar basstante a viagem sempre imaginamos o que vamos encontrar em cada trecho. E hoje o dia prometia muitas retas. E assim foi. De Buenos Aires até Teniente Origone, 823 quilômetros de muitas retas que à vezes cansa. É uma região muito rica e o tempo todo encontramos criação de gado, plantação de soja, plantação de pasto. Uma região muito bonita de campos a perder de vista.

 
Paisagens do campo.
 
Ivan acelerando na Ruta 3.
Um fato que tem nos chamado a atenção é o carinho que os Argentinos tem pelos motocilistas. O tempo todo os caminhoneiros dão sinal de luz, acenam, toda moto que passa ao nosso encontro eles levantam o braço. Nos carros acenam faróis, crianças dão tchau, mulheres colocam o braço para fora e acenam junto com os maridos. Quando paramos nos postos de abastecimento é uma festa. Hoje um senhor pediu para tirar uma foto nas nossas motos e a esposa dele pediu para tirar uma foto com os motociclistas. É uma festa e nos sentimos muito bem com isso. Na hora de sair de um posto de gasolina um senhor se dirigiu a Homero, tirou uma medalha do seu chapéu e disse: É para dar sorte a vocês. Mostra o respeito que eles tem por nós e o reconhecimento pelo que estamos fazendo que sabemos não ser fácil. O dia inteiro sentado em uma moto rodando às vezes cansa, mas o prazer não tem preço. Desde que entramos na Ruta 3 temos encontrado muitas motos subindo. São companheiros motociclistas voltando de Ushuaia. Não nos conhecemos, não vemos os nossos rostos, mas o aceno no encontro na estrada é inevitável. Somos irmãos. Somos da estrada.


Ivan e Eugênio cansados, mas olha só as caras.
 

Homero, o motociclista mais zeloso do grupo.
 
 
A Ténéré precisando de um banho.
 
 
Estamos chegando a Patagônia e na região de Bahia Blanca já começamos a ser recebidos pelos fortes ventos. Começamos a andar com as motos inclinadas. Mas imaginamos que o vento vai ficar mais forte. Tem feito muito calor, mas hoje a noite a temperatura caiu bastante. Acredito que daqui pra frente a coisa vai esfriar um pouco. O calor que pegamos até hoje não tem muita diferença do que pegamos no nordeste.
Amanhã tem mais estrada e mais história pra contar.
 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

11.01.2013 - 10º dia - Buenos Aires-Argentina- 0 km

Hoje o dia começou legal. No café da manhã um senhor, garçon do hotel, me atendeu e disse: "Messi, argentino, quatro bolas de ouro, Brasil ninguem tem quatro". Eu respondi: "Brasil tem Pelé, Zico, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Neymar. Argentina só temMaradona e Messi". Daí ele rebateu: "Não adianta falar com você, você é fanático". Pois é. Eu é que sou fanático. Mas tudo isso num clima de cordialidade e descontração.
Dividimos o grupo e fomos a rua. Wyle e Eugênio fora na BWM trocar óleo das motos. Homero foi na Suzuki fazer a mesma coisa. depois das trocas os três iriam passear. Eu e Ivan, como fizemos nossas trocas em Curitiba, fomos conhecer alguns pontos turísticos.

A bela bandeira Argentina no centro da cidade.
 
A Casa Rosada.
 
O Banco central.
 
A frente da belíssima catedral.
 
Dentro da catedral.
 
O piso da catedral.
 
Detalhes impressionantes de arquitetura.
  
Ministério da defesa.
 
Lojas com cabines telefônicas.
 
 
Uma parada para amenizar o calor.
 
O hotel em que ficamos.
 
A noite saimos para jantar e fomos acompanhados de uma família do Acre que conhecemos no Buquebus. Márcio, Eliane e as filhas Stefanie e Jenifer. Foi uma noite de passeio muito agradável e a delícia de empanados em um restaurante muito aconchegante. Quase meia noite chegamos ao hotel e este estava sem luz. Apenas o grupo gerador supria algumas dependências e as luzes de emergência. A vida noturna de Buenos Aires é muito intensa. Muitos restaurantes, bares e até muitas lojas abertas até tarde da noite. Amanhã Vontamos para a estrada. Ushuaia nos espera.
 
 
 
Anoitecer em Buenos Aires.
 
Saindo para janatar.
 
 
Com a família de Rio Branco-Acre
 
 
Entre Amigos.

10.01.2013 - 9º dia - Montevideo-Uruguai a Buenos Aires-Argentina- 194 km

Hoje precisamos sair um pouco mais tarde de Montevideo. Não deu pra sair cedo como estava programado e optamos em fazer a travessia do Buquebus para Buenos Aires através de Colônia de Sacramento. Rodamos pouco, mas foi um dia bastante cansativo com o calor que está fazendo por aqui.

 
Na sacada do hotel em Montevideo.
 
Vista de Montevideo.
 
Comprando a passagem do Buquebus.
 
 
Ao chegar em Colônia, só conseguimos vaga na travessia das 20 horas. Compramos a passagem que custou 240 reais para o piloto e a moto e fomos conhecer a parte histórica da cidade onde aproveitamos para almoçar.
Detalhes de Colônia de Sacramento.
 
Parte histórica da cidade.
 
Conhecendo a cidade.
 
Esperando o almoço.
 
Relaxando esperando a travessia.
 
Quando visitávamos a cidade de Colônia de Sacramento parou uma custom preta com um casal que me fez lembrar minha viagem de férias do ano passado. Era o Henrique e a Crhis, motociclistas de Sorriso em Mato Grosso. Casal super simpático que graças a dica deles conseguimos hotel em Buenos Aires sem maiores problemas.
 
Com Henrique e Crhis
 
O povo do Uruguai é muito simpático. Acenam nos carros para a gente, tem muitas motos pequenas e grande parte dos motociclistas nos acenam quando passam. Fomos bem tratados em todos os lugares onde passamos, porém, os preços estão muito alto. Para se ter uma idéia, na estação do Buquebus uma agua mineral pequena custa 12 reais. Gasolina mais de 4 reais. Outra coisa que observamos é que há uma diferença social muito grande na cidade. Enquanto uns andam em carros importados de alto nível, muitos trafegam em carros antigos, até da década de 50.
 
Frota de carro antiga.
 
A travessia do Buquebus durou 3 horas e meia. Chegamos em Buenos Aires às 22 e 30, hora local. Aqui o horário está o mesmo do Brasil, na região nordeste, sem o horário de verão. Uma hora a menos do que o Uruguai.
Fizemos a travessia no Buquebus grande que é uma embarcação muito bonita, com vários ambientes e durante o trajeto tem uma apresentação de salsa com dois bailarinos que brincam com os passageiros ensinado-os a dançar.
Entrando com as motos no Buquebus.

Olha a loja ai.
 
Buquebus gigante.
 
Instalações confortáveis.
 
  
A chegada em Buenos Aires.
 
Amanhã ficamos por aqui para conhecer a cidade. No sábado continuamos na estrada rumo a Ushuaia. Um detalhe que estavamos conversando hoje é que estamos mais perto de Ushuaia do que das nossas casas. Já rodamos mais de 5 mil quilômetros. Ushuaia está a 3.300 quilômetros de Buenos Aires. Mas ainda é muito chão. Com a proteção de Deus chegaremos lá.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

09.01.2013 - 8º dia - Rio Grande-Rs a Montevideo-Uruguai- 610 km

Saímos às 6 horas do hotel em Rio Grande e rumamos em direção ao Uruguai. Atravessamos a reserva do Taim e ficamos maravilhados com tanta beleza preservada. Cedo chegamos a divisa e fomos procurar uma seguradora para compra a carta verde. Documento na mão, fomos fazer a entrada no país vizinho.
 
Fronteira brasileira.
 
 
Documentos em dia entramos e começamos a admirar as paisagens uruguaias. Algumas coisas chamaram a nossa atenção: de repente aparece uma placa avisando que entraríamos em uma pista de pouso de emergência e de repente a pista fica bem larga com todas as marcações de aeroporto. Acho que é por causa dos pequenos aviões que fazem a borrifação de agrotóxico nas plantações. As estradas são bem conservadas e achei interessante eles pararem o carro no acostamento e sentarem embaixo de uma árvore para lachar. São muitos carros parados em todo o trajeto.

 
A chegada ao Uruguai.
 
Imigração Uruguaia.














 
Seguimos para Punta del Leste e constatamos a beleza daquele lugar. Um verdadeiro paraíso para as férias de qualquer mortal. Em seguida pegamos a estrada para Montevideo e mais uma vez a surpresa. Já ouvi falar que a cidade não tem nada, que oferece muito pouco ao turista, mas fomos surpreendidos pela beleza da cidade. Rua largas, belas residências e um povo gentil. Um vigilante de loja nos alertou para termos cuidado com ladrões e sabe o que aconteceu? Homero deixou cair o seu blusão e não viu. Um cidadão gritou e um rapaz veio ao nosso encontro correndo para devolver o blusão. Até agora só encontramos pessoas simpáticas.

Belas avenidas em Montevideo.

Ivan pilotando na capital Uruguaia...
 
 
... e Homero também.

 
O apartamento antes de desarrumar.
 
Amanhã pegaremos o buque-bus em Colônia de Sacramento e entraremos em Buenos Aires.